Não foi por acaso que batizamos nosso programa de governo de “uma proposta de vida”. Em 1999, quando tomamos posse, o povo alagoano encontrava-se mergulhado no desespero. No ano anterior os salários de varias categorias do funcionalismo público chegaram a atrasar oito meses, suicídios decorreram desse atraso. Herdamos uma divida de bilhões, isso somado ao desmonte da máquina administrativa imprimia a sensação de que o trabalho para soerguer Alagoas seria gigantesco. Mas não esmorecemos e ao cabo de quatro anos, a sociedade soube reconhecer nosso esforço nos elegendo para um segundo mandato.
Nossa premissa foi sempre o homem, a vida. Nada foi fortuito. Um exemplo disso foi o empenho que dedicamos ao Canal do Sertão, obra fundamental, vital para o sertanejo, cuja busca por água precede qualquer outra coisa. Fomos à luta para captação de recursos federais e internacionais, além de firmarmos uma parceria com a CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) para tornar a obra uma realidade. O Canal do Sertão é considerado o maior de todos os projetos para o desenvolvimento sustentável do semi-árido alagoano e vai beneficiar quase metade dos municípios alagoanos.
O projeto total do Canal do Sertão tem início em Delmiro Gouveia e se estende até Arapiraca, beneficiando mais de um milhão de pessoas e cobrindo 43% do território alagoano. Quando deixamos o governo em março de 2006, o trecho que compreende a região entre Delmiro e Inhapi já estava pronto, totalizando cerca de 45 km de extensão do canal. Como se não bastasse, deixamos também pronta à estação elevatória.
Pois bem, o atual governo veiculou anúncio afirmando que até 2007 nada havia sido feito com relação ao Canal do Sertão. É mentira! Voltado para uma pequena elite, distante do povo e administrativamente incompetente, o governo lança mão da falsidade para construir uma imagem positiva. Mente sem pudor!
Em 2006, afirmamos em “Alagoas renasce”, livro publicado pela Nossa Livraria Editora: “É preciso que Alagoas compreenda a importância da construção do Canal do Sertão na geração de trabalho e renda e na garantia de que a água, o mais rico elemento da natureza, esteja presente durante todo o ano na vida do sertanejo, proporcionando-lhe uma melhor qualidade de vida e assegurando-lhe condições dignas de fixação no campo. Compreender sua importância será fundamental para exigir sua continuidade, evitando retrocessos nessa grande conquista do nosso tão sofrido povo sertanejo”.
Temos uma visão holística do ato de governar – o atual governador não sabe o que é isso. Não existe o meu, o seu, e sim o nosso. Foi assim que nos dedicamos a uma proposta de vida, pelo bem de Alagoas.
Autor: Engenheiro e Ex-Governador Ronaldo Lessa.
Publicação: Iracema Ferro
por: O JORNAL
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