Minha Equipe (:

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... E se saudade matasse ??

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Dia 2: 20/01/2010


Estagiária no fundo do Canal




No meu segundo dia, já mais familiarizada com o pessoal, com a correria e com o dilema, com a minha extrema empolgação, lá estava eu às 06:45h da manhã no Canteiro de Obras, feliz da vida para mais um dia agitado.


Ao seguirmos o percurso a caminho da obras em execução, ao passarmos pela E1528 até a E1530 (40m), havia uma superlargura no lado esquerdo do Canal Trapezoidal. Essa irregularidade provavelmente é proveniente das detonações que aconteceram no local nos últimos dias.
Já no percurso entre as estacas E1559+5 e E1569 havia a regularização do lado direito da rampa à partir da máquina PC200.
Em alguns pontos destes dois trechos citados acima, localizando-se entre a TR-02 e a Ponte Canal 4, no fundo do Canal Trapezoidal haviam muitos borrachudos, e com isso, não seria possível dar continuidade na execução do dreno. Os borrachudos deixam a o solo menos compactado, efeito da chuva, da erosão etc, e assim, desregula o nível do fundo do Canal. Em alguns pontos caóticos, será obrigatório o acréscimo de areia, para regularizar o terreno.

Na Ponte Canal 5 somente estava pronta a armadura da armação das "paredes deslizantes". Após a execução das transições de montante e jusante, será iniciado o deslizamento das paredes, bem como concretagem da laje inferior das transições, para aí si, o cimbramento que sustenta toda a carga imposta a ponte poderá ser retirado.

Na parte da manhã, Dantas, eu e Engenheiro Benedito fomos a uma fazenda, nos arredores da BR-423, para conseguir mais uma Caixa de Empréstimo para Reaterros.

Como a obra é de responsabilidade da SEINFRA (Secretaria de Infra-Estrutura), para este tipo de acordo, com proprietários de terras, o órgão federal deve documentar tudo, deixando o acordo registrado, a fim de não trazer prejuízos para nenhum dos envolvidos.


Jusante do Canal Retangular 2

Canal do Sertão Alagoano ~ Histórico




Considerada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Nordeste do Brasil, o Canal do Sertão começou a ser construído com recursos estaduais, antes de passar a receber verbas federais. Entre discussão do projeto e a realização efetiva da obra, que terá 250km, já se passaram mais de 20 anos.

O Canal começa em Delmiro Gouveia, no Sertão, e se estende até o município de Arapiraca, Agreste alagoano. Nos primeiros 1.700m do Canal, a água será levada até a estrutura de transição por bombeamento (através das subestações) e, em seguida, por gravidade, até a cidade de Arapiraca.

O Canal deve receber aportes de mais de R$ 600 milhões, até 2010. São 250km de canais, que vão beneficiar 43 municípios e uma população de quase um milhão de habitantes, até 2013, com 26 mil hectares de perímetros irrigados, que inclui cinco grandes projetos de agrovila: Pariconha I e II; Delmiro Gouveia e Inhapi I e II.

Estação Elevatória
Montante da TR-01
Comporta
Canal Retangular em Rocha
Ponte Canal
Travessia de Animais e Veículos
Canal Adutor Alagoano

Fotos: Hidroconsult Consultoria, Estudos e Projetos S/A


"A saída para a seca alagoana, portanto, tinha de passar pelo Velho Chico. O projeto já está
sendo considerado uma das maiores e mais modernas obras de engenharia hídrica do mundo."

Senador Federal Renan Calheiros

Dia 1: 19/01/2010


Iniciar um Estágio ainda estando no 4° período do Curso de Engenharia Civil deveria ser uma sensação tranquila; no entanto, para alunos que estão no mesmo patamar que eu, que deveria estar "quase formada" (7° período) não foi tão fácil assim. Minha primeira sensação foi de impotência, de inutilidade.

Ao chegar no Canteiro de Obras do Canal do Sertão, no povoado Sinimbú, pertencente à cidade Delmiro Gouveia, os olhares se voltaram para mim. Senti-me envergonhada, não tendo coragem nem para dizer um: OI! Bom Dia!
Todavia, eu tinha de deixar a timidez de lado, e ir em busca daquilo que eu queria e enfrentar meus medos pessoais.

Indo em direção ao escritório da Hidroconsult*, assustei-me um pouco ao ver somente homens, já senhores em sua maioria, mas terminei por me sentir confortável, porque embora eles tivessem que trabalhar duro, não eram mal-humorados ou grossos; pelo contrário, eram extrovertidos, empolgantes e, principalmente, profissionais.
Fascinei-me por tudo aquilo de imediato.

O Técnico José Reinaldo Dantas, mais conhecido apenas por Dantas, foi o primeiro a dar-me as "Boas-Vindas", e depois os demais o fizeram. Como o Engenheiro Residente Benedito Nunes ainda não se encontrava, Dantas me deu as primeiras instruções. Minutos depois apareceram Valéria e Viviane, as meninas da Administração.
No geral, não tive do que reclamar. Todos me acolheram da melhor maneira possível.

Para começar a acompanhar as obras, eu necessitaria de um equipamento de segurança, ao menos o básico: capacete e botas. Lá no Escritório só havia capacete; então Viviane tomou meu número de calçado, e depois me providenciaria uma bota. Naquele dia, eu teria de seguir de tênis para a obra.

Como meu primeiro dia era uma terça-feira, neste dia há o DDS (Diálogo Diário de Segurança), onde abordam algum tema importante sobre Segurança no Trabalho. Contudo, coincidentemente era o dia do aniversário de Valéria, e então fizemos uma oração e cada um deu os seus parabéns e desejos de felicidade.
Ah... Sem esquecer de meu constrangimento quando tive de apresentar-me na frente de todos. O bom foi porque não tive que falar muito, uma vez que um Engenheiro Eletricista, que acabara de entrar na empresa, também devia apresentar-se: Engenheiro Leandro, que se engajaria na parte de Topografia.



Valéria, a aniversariante do dia

Quase 07:30h da manhã, os técnicos já estavam atrasados para seus afazeres. Cada um deveria ir para a sua FRENTE DE SERVIÇO.

Naquela semana eu acompanharia Dantas e sua equipe de Topografia, da qual faziam parte Marcos, Samuel e Antoniel, para conhecer a obra em si, já que Dantas teria de percorrê-la quase que diariamente, realizando suas medições e locações.
No início me foi um pouco extranho, porque o trecho em que a obra já se encontra concluída mais o trecho em execução e mais o trecho escavado totalizam 45km (como primeira etapa), e com estaqueamento delimitado a cada 20m, eu me sentia perdida, sem saber pra que direção ou lado estava indo.

Dantas, como Técnico Topográfico, tinha como trabalho percorrer a obra, analisando-a e promovendo Levantamento Topográfico de um determinado terreno a partir de medições de ângulos e distâncias de um terreno, estas feitas com aparelhos como: Estação Total (delimita os valores), Prisma Refletor (demarca os pontos), entre outros. A finalidade deste trabalho é demarcar pontos e apartir destes, calcular a área e volume de um terreno sem formato regular, isto é, que possui curvas e desníveis.

Durante nosso percurso, nossa primeira parada foi na TR-02, ou Travessia sob Rodovia 02, que passa pela BR-423. A TR-02 vai da E1440+15 à E1444+5, totalizando 70m de extensão, valor esse igual para todas as outras. Nesse ponto, estava sendo realizada a armação das armaduras das paredes da Travessia, que de acordo com o Projeto e a TR-01 (Travessia sob Rodovia 01), tem formato retangular e uma parede a mais (esta entre as paredes que delimitam a Travessia). Após a armação pronta, seria dado início a concretagem das paredes, a partir do método de "Paredes Deslizantes" com o uso de "Macacos Hidráulicos" que só poderá ser iniciada após a liberação do Técnico de Concreto e Ferragens Jorildo Rosendo.
Naquele mesmo local, uma borracha enorme e amarela chamou minha atenção: Junta Fugenband. Essa Junta é utilizada entre os módulos das paredes de concreto, para aumentar a resistência da pressão que seria exercida entre elas, quando passarem pelo processo físico "dilatação térmica" e os agentes intempéricos. De acordo com a pressão da água que atuará no interior das paredes, o perfil O-22 (para médias solicitações, de 22cm) é o perfil da Junta Fugenband utilizado.

Ali próximo, da E1430+10 até E1438 (150m, contando com a transição de montante e jusante), há a execução do Canal Retangular 3, este de 100m de comprimento, dividido em 5 módulos, cada um com 20m. Esta havendo a concretagem da laje de fundo do Canal no módulo 1 (E1432 à E1433).

No Canal Adutor a partir da E1460+10, logo após a transição de jusante da TR-02 havia a construção do dreno. Em alguns locais as bermas do Canal Trapezoidal já estavam regularizados.
Na laje inferior ou fundo do Canal, após a regularização, eram sobrepostos 5cm de espessura de brita. A brita é colocada de acordo com os limites das cotas que a equipe Topográfica demarcou. Nas extremidades do fundo do Canal, caixas de madeira eram montadas, formando valas, interligando-se por cordas. Dentro dessas caixas de madeira, um geotêxtil chamado Bidim forra a madeira, onde depois é colocado brita e um tubo de dreno, e então o sistema de drenagem é fechado com o próprio Bidim. Quando o sistema de drenagem está concluído, as cordas que antes interligavam as caixas de madeira são retiradas, levando com elas toda a madeira, que só é utilizada para a formação do sistema.

Sistema de Drenagem

Tubo de Dreno coberto de brita e forrado pelo Bidim

O Bidim é útil porque impermeabiliza o dreno, impedindo a passagem de materiais sólidos que possam danificar a estrutura.

Na E1729+2 já havia sido iniciada a concretagem do BSCC (Bueiro Simples Celular de Concreto).

No horário do almoço, voltamos para o Canteiro e eu fui com as meninas e o Engenheiro Leandro. Ao retornar do almoço, o Engenheiro Benedito, que já estava lá, chamou-me junto com os técnicos Dantas, Carlos Cruz e Jorildo. Na Sala de Reunião, ele posicionou-me esta semana com Dantas, para eu entender a parte da Topografia; na próxima semana eu me posicionaria ao lado de Carlos, que é Técnico em Mecânica dos Solos ou Terraplenagem; na terceira semana seria com o Técnico de Concreto e Ferragens Jorildo; e, por fim, eu aprenderia mais a parte de escritório, com Márcio, que é o Técnico de Planejamento. Com tudo dito, retornamos para a obra.

Como último serviço do dia, houve levantamento topográfico da escavação da Caixa de Empréstimo 34, que vai da E1889 à E1893.

Equipe Topográfica da Hidroconsult e Queiroz Galvão fazendo levantamento

Eu, Daniele, tentando entender o aparelho Estação Total

No traço do Canal que vai da E1873 até E1877+10 será construída a Ponte Canal 6 e no local, havia a regularização da locação das sapatas, para posteriormente serem liberadas.


*A Hidroconsult Consultoria, Estudos e Projetos S/A é uma empresa encarregada no acompanhamento das obras, fiscalizando a construtora do projeto, Construtora Queiroz Galvão.

Para mais informações: